Dez anos após ter o braço arrancado por um tubarão, a surfista havaiana Bethany Hamilton ganha seu primeiro campeonato mundial.
Bethany nasceu em uma família de surfistas de uma ilha do Havaí, em 1990. Ainda bebê, já pegava onda de carona, na prancha de seus pais. Com apenas oito anos, teve suas primeiras vitórias em uma competição de surf (o Rell dom Menehune) em Oahu.
Em 31 de outubro de 2003, treinando no mar de sua ilha natal (Kaual), Bethany teve sua trajetória interrompida – ao menos temporariamente – ao ser atacada por um tubarão tigre, que devorou seu braço esquerdo inteiro. Ela tinha apenas 13 anos.
De alguma forma, a menina, mesmo assustada, encontrou forças para nadar de volta à areia – ela estava a cerca de vinte minutos da costa. Perdeu uma enorme quantidade de sangue, mas, com a rápida remoção para o hospital, conseguiu sobreviver.
Muito religiosa, se agarrou à fé em Deus e ao amor pelo mar para dar a volta por cima. Conta que, quando ainda estava deitada na praia, recebendo os primeiros socorros, um paramédico se aproximou e sussurrou no seu ouvido: “Deus nunca vai te abandonar”.
A recuperação de Bethany foi incrível e, surpreendentemente, dois meses depois ela já estava de volta às ondas.
Em 2004, lançou uma autobiografia contando sua história. O livro, “Soul Surfer”, deu origem ao filme de mesmo nome, lançado em 2011 e divulgado, no Brasil, com o título “Coragem de Viver ”.
POSITIVIDADE
Bethany decidiu encarar o trágico evento da forma mais positiva possível: re-significou o que aconteceu, assumindo que esta foi a forma de Deus usá-la como um instrumento para levar esperança e fé a milhares de pessoas:
“Descobri que, sem um dos braços, posso abraçar mais pessoas que jamais imaginaria abraçar; sou grata a Deus por poder ajudar as pessoas”.
Ao visitar a Indonésia pós tsunami, teve a felicidade de assistir sua prancha de surf fazer uma criança órfã que não falava há dias sorrir de novo pela primeira vez.
A partir daí, Bethany se engajou em diversas atividades voltadas a ajudar e levar alegria a pessoas mutiladas ou sofridas. Como o australiano Nick Vujicic, que nasceu sem as pernas e os braços devido a uma rara síndrome genética. Nick, ele próprio um exemplo de superação, não deixou que a falta dos membros o impedisse de se divertir e pegar algumas ondas. Eles fizeram questão de registrar a maravilhosa tarde de surfe juntos, que ela resumiu da seguinte forma: “Um dia de surfe incrível que eu nunca vou esquecer com Nick Vujicic. Surfe sem membros! #vidaforadoslimites”.
As mensagens de esperança e superação de Bethany tem servido de alento e de exemplo para milhares de pessoas ao redor do mundo:
“Eu sei que Deus pode tomar uma menina de uma pequena ilha no Havaí e usar a sua história em todo o mundo para chegar a tantas pessoas. Como eu cresci com um braço e reaprendi a surfar, Deus ensinou-me que Ele pode tornar os tempos difíceis que eu passei em algo bonito. Eu acho que ele pode fazer isso por todos e cada um de vós. Ele pode tomar aquilo que já passaste e usá-lo para o bem”.
acaba de se tornar campeã de um dos principais campeonatos de surfe do mundo, o “Surf- N -Sea Pipeline Women Pro”, campeonato que inclui algumas das ondas mais perigosas do mundo do surf (Pipeline,na Ilha de Oahu no Havaí)! E, certamente, novas vitórias esperam por esta surfista que é um exemplo de superação em um futuro próximo. Afinal, como ela mesma diz:
“A vida é como surf, quando você embola numa onda, é preciso levantar rápido, porque nunca se sabe o que virá na próxima, mas, se você tiver fé, tudo é possível”.
Parabéns pelo exemplo e pelo título!
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Juliana Garbayo
Graduada em Medicina na Universidade Federal Fluminense (UFF). Cursou Residência Médica em Psiquiatria na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ-IPUB)