O Lobo de Wall Street: drogas, álcool, poder, dinheiro e sexo
Neste filme norte-americano dirigido por Martin Scorcese, Leonardo de Caprio interpreta Jordan Belfort, um corretor de ações de Nova York.
Jordan, inicialmente empregado de uma grande empresa de corretagem de ações, tem a ideia de vender ações de empresas pequenas sem nenhuma credibilidade ou chance de lucro, enganando e explorando seus clientes. Ele então junta um grupo de amigos e abre sua própria empresa, a Stratton Oakmont.
Graças a sua boa lábia e grande poder de persuasão, aliado à capacidade de atrair e contratar um grande número de jovens corretores cujo principal objetivo na vida era enriquecer a qualquer custo, a empresa decola e se torna um grande sucesso. Cada vez mais envolvido em fraudes e corrupções, Jordan e seus sócios logo se tornam extremamente ricos.
Deslumbrados com o sucesso financeiro e aparentemente desfrutando do prazer de enganar os outros, o grupo acaba se envolvendo com drogas e logo adota um estilo de vida irreverente, irresponsável e de pouca consideração com os outros, regado a muito álcool, sedativos, estimulantes, cocaína e prostitutas. Rapidamente, o personagem principal se torna dependente de drogas e adota um padrão de consumo bastante característico: toma bebidas alcoólicas e sedativos fortes para dormir e para “ficar chapado” e, a seguir, contrabalança com anfetaminas e altas doses de cocaína para conseguir acordar e se manter “ligado” e ativo durante o dia.
O filme não deixa claro se Jordan também sofria de compulsão sexual. A unica indicação neste sentido é quando ele próprio diz, para a tia da esposa que é é “um viciado em sexo“. Além da suposta compulsão sexual, Jordan era masoquista, uma perversão do desejo sexual chamada, em psiquiatria, de parafilia. (Veja mais clicando aqui)
Algumas drogas e medicamentos muito usados pelo protagonista do Lobo de Wall Street são: Mandrix ou mataqualona (chamado por Jordan Belfort de “qualudes”, outro nome pelo qual os usuários chamam a substãncia), Adderall e, claro, a cocaína.
Entenda o efeito de cada uma dessas drogas
Metaqualona (mequalon, quaaludes, “smarties”) é um depressor do sistema nervoso central. Se assemelha aos barbitúricos e tem efeito ansiolítico e relaxante muscular, Nas décadas de 60 e 70 foi bastante utilizada pelos jovens, de forma abusiva, isto é, sem receita da psiquiatria e misturada com bebidas alcoólicas. Em 1984, foi retirada do mercado norte americano. Uma variação do quaalude era o Mandrix ou Mandrax, que, além da metaqualona continha um anti-alérgico com potencial sedativo e agia como um potente indutor do sono. Além de misturar estes remédios com bebida alcoólica, o que é contra-indicado, as pessoas que abusavam destas drogas não tomavam da forma correta, isto é, para dormir, logo antes de deitar, pois perceberam que se evitassem dormir (por exemplo tomando junto um estimulante), a metaqualona causava uma “onda” muito intensa.
Observação: o álcool é a droga depressora do sistema nervoso central (SNC) mais largamente utilizada.
Riscos dos depressores do SNC: depressão e parada respiratória, sedação, maior risco de acidentes, dificuldade para raciocinar e tomar decisões, dependência física e psicológica, entre outros.
O Adderall, por sua vez, é um psico-estimulante constituído de sais de anfetamina, misturando anfetaminas de liberação imediata com compostos derivados, como a dextroanfetamina, que têm início de efeito mais lento. Não é vendido no Brasil, mas pode ser encontrado em países como os Estados Unidos e Canadá, onde já chegou a ser proibido e, tempos depois, reinserido no mercado.
A cocaína pode ser usada por via intranasal (cheirando), mas também pode ser fumada, injetada ou ingerida. Cheirada ou fumada, rapidamente chega ao cérebro, onde gera uma sensação de bem estar e de invencibilidade, além de um aumento na disposição. Quando seus efeitos passam, vem a depressão, o cansaço e o desânimo, levando o usuário a procurar por uma nova dose. A cocaína é um estimulante do SNC, aumenta a pressão arterial, causa aumento das pupilas e os vasos sanguíneos se contraem. O corpo está precisando de mais oxigênio e o coração batendo mais rápido e isso, combinado com a constrição dos vasos sanguíneos, pode gerar infarto do miocárdio e derrame cerebral (acidente vascular encefálico). Outros efeitos desagradáveis incluem náuseas, calafrios, perda do apetite, insônia, paranóia, agressividade, surgimento de tiques e convulsões.
Assista o trailer: O Lobo de Wall Street – Trailer oficial legendado
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Juliana Garbayo
Graduada em Medicina na Universidade Federal Fluminense (UFF). Cursou Residência Médica em Psiquiatria na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ-IPUB)