Impulsividade é um padrão de comportamento caracterizado por reações rápidas e não planejadas. Frequentemente, a pessoa impulsiva diz que “quando viu, já fez”, “fez primeiro e pensou depois” e outras frases do gênero. As consequências não são devidamente avaliadas e a pessoa “age sem pensar”. Obviamente, este comportamento, quando recorrente, coloca a pessoa em situações complicadas e, muitas vezes, até mesmo arriscada, como: dirigir embriagada, ter episódios de compulsão alimentar, uso de drogas, brigas e agressões, tentativas de suicídio, sexo desprotegido, conflitos conjugais, risco de perda do emprego – só para citar algumas.
Impulsividade é um traço de personalidade e todos a possuem em menor ou maior grau. O problema é quando a impulsividade é excessiva e leva a pessoa a tomar atitudes das quais ela se arrepende depois. Pessoas pouco impulsivas podem passar a sofrer de impulsividade após um trauma cerebral ocorrido, por exemplo, em um acidente de carro. Para entender melhor a impulsividade, vamos analisar como é o processo normal de tomada de decisão.
Quando precisamos agir, passamos por quatro fases:
-Fase de intenção: é o momento em que percebemos que desejamos algo. Por exemplo: sentimos vontade de comer um chocolate.
-Fase de deliberação: é o momento no qual pesamos os prós e os contras de ir atrás do nosso desejo. Exemplificando, a pessoa pode ter pensamentos contraditórios: “eu quero emagrecer e um chocolate engorda muito”, “ah, mas estou com muita vontade e um só não vai fazer mal” e daí por diante.
-Fase de decisão: É o momento no qual decidimos, finalmente, agir. No nosso exemplo, seria o momento no qual resolvemos: “vou comer o chocolate”.
-Fase de execução: é o momento da ação propriamente dita e os atos envolvidos em ir lá, pegar o chocolate e comê-lo.
Pessoas muito impulsivas eliminam a fase de deliberação e “pulam” direto do desejo para a ação.
Há uma série de transtornos psiquiátricos que estão intimamente ligados à dificuldade de controle dos impulsos. Alguns exemplos são:
-Transtorno explosivo intermitente: fracasso frequente em frear os impulsos agressivos, o que leva a pessoa a se envolver em uma série de agressões, destruição de propriedade e às vezes até atos auto destrutivos
-Cleptomania: impulsos irresistíveis em roubar itens desnecessários
-Piromania: a pessoa fracassa em resistir ao impulso de incendiar objetos e outros bens
-Jogo patológico: a pessoa se torna “dependente” de jogos de azar ou apostas
-Tricotilomania: impulso irresistível de arrancar fios do próprio cabelo , o que muitas vezes causa uma área de “careca” visível na cabeça ou em outras áreas do corpo onde antes havia pelos
-A dependência química e o comportamento sexual promíscuo recorrente também estão muito relacionadas à dificuldade no controle dos impulsos.
Existem muitos tratamentos disponíveis para diminuir a impulsividade e aumentar a capacidade de auto controle. Se você ou algum parente sofre com um destes quadros, procure logo ajuda médica. Quanto mais cedo o tratamento é instituído, maiores são as chances de recuperação!
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Juliana Garbayo
Graduada em Medicina na Universidade Federal Fluminense (UFF). Cursou Residência Médica em Psiquiatria na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ-IPUB)
Obrigado e parabéns pela matéria,adorei e solucionei as minhas duvidas.