Dificilmente uma pessoa consegue abusar de uma substância psicoativa sem causar prejuízos a toda a família.
Quando falamos em substância psicoativa (vamos chamar SPA daqui para frente), não estamos falando só de drogas ilícitas como maconha e cocaína, mas também de álcool e até de medicamentos como anfetaminas e calmantes, por exemplo, que agem no cérebro – se usados sem recomendação médica ou de forma diferente da prescrita.
Pessoas que abusam de substâncias psicoativas (SPA) faltam mais ao trabalho e, quando comparecem, tem pior rendimento. (Crianças e adolescentes apresentam pior rendimento na escola).
A relação entre mau rendimento no trabalho e uso de SPA é delicada, porque a situação inversa também acontece: ou seja, às vezes não é o uso de substâncias que atrapalha o trabalho, mas o oposto. Um trabalho muito estressante ou realizado em condições inadequadas pode facilitar o abuso de álcool e drogas. Isso acontece quando o trabalhador recorre à substância para conseguir relaxar ou até aguentar a jornada de trabalho, em uma tentativa de alívio do desconforto.
Problemas psiquiátricos são comuns entre usuários de álcool e outras drogas e interferem no tratamento. Impulsividade, particularmente, merece especial atenção, já que pode contribuir para recaídas e exposição a situações de risco. Mudanças de humor e dificuldade de controle da raiva também parecer ser um fator de risco para recaídas e, muitas vezes, também precisam ser tratadas.
Violência é uma das consequências mais preocupantes do consumo de SPA. Para entender melhor essa questão, leia também: Estupro e consumo de drogas.
Fonte: Avaliação multidimensional do usuário de drogas e a Escala de Gravidade de Dependência. Kessler, et al., 2010. Ver Psiquiatr RS. 2010; 32(2), 1-6
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Juliana Garbayo
Graduada em Medicina na Universidade Federal Fluminense (UFF). Cursou Residência Médica em Psiquiatria na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ-IPUB)