Uso recreativo de drogas não faz mal nenhum! É verdade?
Todos já ouviram falar em uso “recreativo” ou social de drogas. Mas o que é isso?
O que se convencionou chamar de uso recreativo é aquele uso de substância que ainda não causa prejuízos evidentes na vida ou na saúde da pessoa. Em geral, é um uso eventual, esporádico, isto é, a pessoa usa “de vez em quando”.
É muito comum, por exemplo, as pessoas responderem “socialmente” quando perguntadas se usam bebidas alcóolicas. É importante, porém, entender o que é esse “socialmente” para aquela pessoa. Um uso moderado de álcool (ou seja, que não causaria danos ao organismo) pode ser considerado consumo de até 30 gramas de álcool por dia. Isso equivale aproximadamente a duas taças de vinho, mas a apenas uma dose de destilado (whisky, vodka) por dia. É importante lembrar que este limite é considerado seguro para adultos saudáveis, fora do período de gravidez e nos quais o álcool não causa nenhuma complicação para a saúde ou para a vida social. Se a pessoa tomas duas cervejas mas isso já a deixa “alta” e ela se envolve em discussões ou, por exemplo, se atrasa para o trabalho no dia seguinte, negligencia atividades importantes ou prejudica seu casamento, então este uso não pode mais ser considerado “social”; já estamos falando de um uso nocivo (ou abusivo).
É importante ainda lembrar que crianças e adolescentes com menos de 18 anos não devem consumir bebidas alcóolicas e que, se o fizerem, estarão infringindo a lei. Se os adolescentes vivem sob responsabilidade dos pais e estes não aceitam o uso de álcool, descobrir que o adolescente está bebendo deve sim ser trabalhado pela família, pois o desrespeito às regras familiares pode trazer consequências no futuro. Se os pais aceitam que o filho menor de idade consuma álcool, devem estar atentos para o fato de que estão mostrando ao filho que permitem a violação das leis e que eles próprios estão agindo fora da lei. Isso certamente será registrado pelo adolescente e poderá, no futuro, trazer conflitos e questionamentos de autoridade.
E o uso social de drogas?
Normalmente, quem faz uso esporádico da droga não busca tratamento espontaneamente, mas pode vir trazido por alguém da família por exemplo, por uma mãe que encontrou vestígios de drogas na mochila do filho adolescente. Apesar de ser um uso menos frequente, não é livre de problemas, pois é importante lembrar: todo vício começou com um uso eventual. Há variáveis genéticas, psicológicas e ambientais envolvidas na dependência química e, infelizmente, não é possível prever quem se tornará dependente. Além disso, no caso das drogas ilícitas, o usuário acaba se envolvendo com pessoas, comportamentos e ambientes de risco para ele, o que justifica, por si só, a indicação de interrupção do uso.
O que vai acontecer se eu levar um usuário “recreativo” de drogas ao psiquiatra?
Nesta fase, o psiquiatra vai excluir outros problemas psiquiátricos que possam estar levando a pessoa a procurar aquela substância. Exemplificando, não é raro encontrarmos pacientes usuários de drogas que, na verdade, sofrem de depressão ou outros transtornos médicos não diagnosticados e que usam a droga como “auto medicação” para conseguirem dormir, interagir etc. O psiquiatra também vai investigar a fundo a situação a fim de descobrir se aquele é realmente um uso eventual, ou se já pode ser considerado um uso abusivo, e esclarecer e orientar a família e o usuário. Caso seja indicado tratamento, este provavelmente será a nível ambulatorial (no consultório, sem internação).
Se você ou alguém que você ama está passando por este problema, agende sua consulta nos telefones: (21) 3228-0656 ou (21)9780-4339, de segunda a sexta-feira, de 10 a 18 horas e aos sábados de 10 às 14 horas. Se preferir, envie seu e-mail para dra.juliana.garbayo@gmail.com.
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Juliana Garbayo
Graduada em Medicina na Universidade Federal Fluminense (UFF). Cursou Residência Médica em Psiquiatria na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ-IPUB)